Essa iniciativa global tem como objetivo reduzir a quantidade de resíduos gerados durante a produção de alimentos, em todas as etapas do setor
Em tempos em que o acúmulo de lixo atinge proporções alarmantes, o movimento zero waste na indústria de alimentos se tornou fundamental.
Essa iniciativa visa minimizar o impacto ambiental da ação humana, reduzindo a geração de resíduos na produção de alimentos. Assim, nenhum material é desperdiçado no sistema de produção e consumo do setor, promovendo o reaproveitamento de tudo o que é utilizado.
Dados recentes da Organização das Nações Unidas (ONU) indicam que 1 bilhão de refeições são desperdiçadas diariamente, enquanto 783 milhões de pessoas passam fome no mundo.
Criado na década de 1970, o movimento ganhou força com o Zero Waste International Alliance (ZWIA) e se tornou cada vez mais relevante, considerando o futuro do planeta.
Várias empresas já estão adotando medidas para tornar suas operações mais eficientes, evitando danos ao meio ambiente e incentivando práticas sustentáveis. Ao mesmo tempo, essa iniciativa melhora o desempenho econômico ao otimizar o uso de recursos.
O movimento zero waste, também conhecido como desperdício zero, surgiu para incentivar as empresas a desenvolver uma indústria de alimentos mais sustentável.
Nas empresas, essa iniciativa não só torna o processo menos prejudicial ao meio ambiente, mas também oferece benefícios financeiros. Com a redução de desperdício alimentar, a indústria gasta menos com matéria-prima e obtém maior eficiência na produção.
Na prática, uma das formas de aplicar o conceito na indústria alimentícia é criar receitas que utilizem partes dos alimentos geralmente descartadas, como cascas e sementes. Com um planejamento eficiente, é possível inovar e tornar a experiência ainda mais atrativa para o consumidor.
Durante a preparação dos pratos, é importante medir corretamente o uso dos ingredientes para minimizar sobras e evitar desperdícios. Caso ocorram excedentes, uma estratégia é firmar parcerias para doá-los a quem precisa.
Em alguns países, a Too Good To Go surgiu como uma empresa semelhante ao iFood, mas com o objetivo de vender sobras a preços acessíveis. Dados internos revelam que mais de 300 milhões de refeições foram salvas desde a sua fundação.
Outra ação prática do movimento zero waste na indústria de alimentos é a logística reversa na produção, que envolve o retorno de produtos, embalagens e resíduos à empresa para reutilização ou reciclagem.
Essa iniciativa reduz custos, contribui para a preservação do meio ambiente e melhora a percepção dos consumidores sobre as práticas da empresa.
Os resíduos de alimentos deixados para trás na produção têm duas classificações principais, que concentram grande parte deles. No processo, práticas sustentáveis podem ser adotadas para minimizar a liberação desses produtos na natureza.
Algumas épocas do ano também podem influenciar o desperdício de alimentos. O Natal, por exemplo, é um período de muita fartura, mas o apelo comercial que envolve a ceia leva à produção excessiva, muitas vezes maior do que a demanda de várias famílias, o que se reflete na indústria.
Nesse sentido, a prática de ações sustentáveis no setor deve ser mantida ao longo de todos os meses.
Efluentes industriais químicos e biológicos
Essa categoria se refere aos resíduos líquidos vindos dos processos industriais, que são tratados de acordo com a concentração de matéria orgânica.
Geralmente, estão ligados a atividades humanas, como abatedouros, matadouros e frigoríficos, que são as principais fontes desse tipo de lixo. A geração de efluentes vai desde o abate dos animais até a lavagem do piso após o processo.
Caso não sejam tratados, esses resíduos podem causar problemas de saúde pública, e multas são previstas para as empresas responsáveis.
Resíduos sólidos orgânicos
Os resíduos sólidos orgânicos podem ser tratados por meio de compostagem, incluindo produtos vencidos e restos de alimentos não utilizados, como cascas de frutas e legumes.
Os restos desta categoria são utilizados na produção de fertilizantes, pois sua degradação pode gerar um material rico em nutrientes para o solo.
O primeiro passo para implementar o movimento zero waste na indústria de alimentos é um planejamento eficiente. De modo geral, o desperdício de alimentos e outros recursos pode ser evitado ao identificar previamente onde é possível otimizar o uso da matéria-prima nas operações.
Muitas vezes, alimentos descartados poderiam ser aproveitados em alguma etapa da produção, mas isso não ocorre devido à falta de treinamento adequado.
No caso de sobra de produtos, é importante ter um plano de ação imediato. As empresas podem enviar os resíduos para reciclagem ou realocá-los para aproveitamento em outra atividade, dependendo da situação.
Alguns alimentos podem ser doados a pessoas em situação vulnerável ou instituições de caridade, caso ainda sejam consumíveis. O processo de compostagem também pode tornar os restos úteis para fertilização, inclusive dentro da própria empresa.
Ao mesmo tempo, essa gestão pode ser feita em conjunto com o cliente, incentivando sua participação e promovendo uma relação sustentável entre as partes.
O Instituto Lixo Zero Brasil (ILZB), representante nacional do movimento, oferece uma certificação para as empresas que adotam práticas sustentáveis. Esse prêmio pode variar em três níveis, até que pelo menos 90% dos resíduos sejam tratados corretamente.
Todo esse processo não ocorre da noite para o dia, sendo necessária uma gestão contínua para que todas as obrigações sejam cumpridas.