O acesso à internet no Brasil continua em uma trajetória de crescimento acelerado, com dados recentes indicando que o país caminha rapidamente para a universalização da conectividade. Segundo a Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (PNAD Contínua): TICs, do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), em 2024, 89,1% da população com 10 anos ou mais de idade utilizou a internet. Isso representa cerca de 168,0 milhões de pessoas conectadas.

O avanço é notável e o percentual de usuários saiu de 79,5% em 2019 e de apenas 66,1% no início da série histórica em 2016. Em apenas dois anos, entre 2022 e 2024, foram adicionados 6,1 milhões de novos usuários à rede. De acordo com o Sergio Borges, estrategista da WDM, agência de marketing digital em São Paulo, estes números dão a dimensão das oportunidades neste universo online. “Hoje, estar na internet para uma empresa não é mais um luxo, é sim uma obrigação”, ressalta Borges.

Redução das Desigualdades Regionais e Crescimento no Campo

O aumento do acesso não se restringe aos grandes centros urbanos. As regiões Norte e Nordeste lideraram a expansão do uso da internet entre 2019 e 2024, com crescimentos de 18,2% e 17,2%, respectivamente, acima da média nacional. Essa expansão tem contribuído para uma significativa redução das desigualdades regionais.

Um destaque é a diminuição da disparidade entre as áreas urbana e rural. Em 2024, a internet foi utilizada por 90,2% das pessoas na área urbana e por 81,0% na área rural. A diferença, que era de 40 pontos percentuais em 2016 (76,6% versus 35,0%), caiu para 9,2 pontos percentuais em 2024, refletindo um crescimento muito mais acelerado da conectividade no campo.

Idosos e TV: Mudanças nos Hábitos de Acesso

Entre os grupos etários, a faixa dos idosos (60 anos ou mais) registrou o maior aumento na proporção de usuários, passando de 44,8% em 2019 para 69,8% em 2024.

O telefone celular segue como o principal dispositivo de acesso, sendo utilizado por 98,8% dos internautas. No entanto, houve uma inversão notável no uso de outros equipamentos:

O acesso à internet por televisão subiu de 11,3% em 2016 para 53,5% em 2024, ultrapassando pela primeira vez a marca da metade dos usuários.

Em contrapartida, o percentual de acesso por microcomputador caiu de 63,2% em 2016 para 33,4% em 2024, indicando a migração do uso para dispositivos móveis e TVs.

As finalidades de acesso também mudaram, com forte crescimento em serviços essenciais e comerciais. Entre 2022 e 2024, as atividades que mais cresceram foram:

Acesso a bancos e instituições financeiras (de 60,1% para 71,2% dos usuários).

Comprar ou encomendar bens ou serviços (de 42,0% para 48,1%).

Uso de serviços públicos (de 33,4% para 38,8%).

Desafios Persistentes na Desigualdade

Apesar dos avanços, a pesquisa aponta que cerca de 20,5 milhões de brasileiros com 10 anos ou mais ainda estão sem acesso à rede. Nos domicílios não conectados, os principais motivos alegados são:

Nenhum morador sabia usar a Internet (32,6%).

Serviço de acesso à Internet era caro (27,6%).

Falta de necessidade em acessar a Internet (26,7%).

Ainda há uma persistência na desigualdade de classes. Embora a internet esteja em 100% dos lares de classe A, ela só alcança 68% das casas das classes D e E. Além disso, a qualidade da conexão é um desafio, com apenas 22% da população possuindo o que é considerado uma “conectividade significativa” (boa velocidade e banda larga fixa).

O retrato da internet no Brasil em 2024 é de uma sociedade majoritariamente conectada, com notável inclusão de regiões rurais e idosos, mas que ainda precisa superar as barreiras de custo, infraestrutura em áreas remotas e a falta de habilidades digitais para garantir uma universalização plena e de qualidade.